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Pela primeira vez, comunidade indígena recebe espetáculo do Festival Amazonas de Ópera

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Foto: Divulgação/SEC

“Era uma coisa que eu só tinha visto na TV”, disse Elisabete da Silva Pinto sobre a apresentação do “Ópera Mirim” na comunidade indígena Filadélfia, no município de Benjamin Constant, situado a 1.121 quilômetros de Manaus, na região do Alto Solimões. Pela primeira vez, o local recebeu a programação do Festival Amazonas de Ópera (FAO), com a apresentação da obra “O Menino e os Sortilégios”, na noite de sábado (18/5). Além dos moradores de Filadélfia, a apresentação também atraiu os moradores da sede do município e comunidades adjacentes.

Foto: Divulgação/SEC

Moradora do local e professora da escola da comunidade, Elisabete, 39, compareceu com as filhas Cibele e Lara, de 9 e 6 anos. “Quando elas ficaram sabendo me disseram que tínhamos que ir, porque era algo que só acontecia uma vez. Foram elas que me trouxeram. Eu senti que a comunidade foi privilegiada com o espetáculo, algo que a gente só vê na TV, mas que agora veio para cá”, comentou sobre espetáculo, que une teatro de marionetes e ópera, baseado na obra “L’enfant et les Sortilèges”, do compositor e pianista francês Maurice Ravel (1875-1937).

O “Ópera Mirim” faz parte da programação do FAO, realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), com patrocínio master do Bradesco, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cidadania e Secretaria Especial de Cultura. O evento, que começou no dia 26 de abril, segue com apresentações de ópera, recitais e concertos até 30 de maio.

Também moradora da Filadélfia, Alcilene dos Santos, 30, que levou a filha Eduarda, de 2 anos, se impressionou com a história apresentada pelo teatro de marionetes do grupo Pequeno Teatro do Mundo. “Gostei porque era uma história sobre a desobediência de um menino com a sua mãe, e todos as crianças viram”, brincou.

A comunidade Filadélfia tem cerca de 1,5 mil moradores das etnias Tikuna e Kokama. A apresentação foi realizada na quadra da Escola Municipal Indígena Ebenezer. O gestor da unidade, Luiz Artur Curico Rodrigues, disse que o evento despertou interesse desde o começo e que o impacto na comunidade será positivo.

“Eles nunca viram nenhum espetáculo de ópera. Quando falamos que o evento vinha, explicamos que era um show de cantos e gritos, porque ninguém sabia o que era, era como se fosse um bicho desconhecido. Mas agora as crianças vão ver e talvez se interessem em aprender, em ‘imitar’ os artistas. Vai ficar na memória deles”, declarou.

Cacique da comunidade, Isaque Almeida Passos afirmou que a fomentação de eventos culturais na comunidade é essencial para a melhora da vida social no local. “Estes eventos reduzem muitos problemas. Hoje, temos muito alcoolismo e uso de drogas. Estamos na tríplice fronteira, e a violência do tráfico de drogas vem de muitos lugares. Fiquei muito feliz com essa programação, porque, em 42 anos, eu nunca vi um espetáculo assim, apenas na TV. Espero que possamos trazer mais eventos para a comunidade indígena”.

Incentivo às artes – Professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Darcimar Souza Rodrigues, também compareceu à apresentação. Ela destacou a importância do evento no resgate da programação cultural e incentivo ao desenvolvimento de atividades culturais.

“Em Benjamin Constant já houve mais promoção de atividades culturais, mas hoje não se vê mais, e aqui na Filadélfia foi a primeira vez que isso aconteceu. Isso é muito bom, porque incentiva as pessoas a desenvolverem trabalhos voltados pra isso. A concentração fica muito em Manaus, e precisamos resgatar isso dentro da cultura amazonense e benjaminense em diversos momentos. O Governo do Estado está de parabéns por trazer estas novidades para a região. Que venham outros eventos que possam influenciar estas crianças e nossos artistas”.

A secretária executiva da SEC, Sigrid Cetraro, pontuou o empenho do Governo em levar projetos culturais aos lugares mais distantes do Amazonas. “As dificuldades de logística são grandes no nosso estado, mas conseguimos chegar a Benjamin Constant com o Festival Amazonas de Ópera, algo que nunca foi feito e que esperamos que deixe bons frutos para a comunidade. Seguindo a diretriz do governador Wilson Lima, queremos continuar neste caminho, proporcionando acesso à cultura em diversos municípios do Estado”, declarou.

‘Ópera Mirim’ – Unindo o lúdico ao erudito, o projeto já foi apresentado na Casa Vhida, Hospital Infantil Dr. Fajardo, Hospital e Pronto Socorro da Criança e no hall do Teatro Amazonas.

Neste fim de semana, o projeto também teve apresentação no município de Santa Isabel do Rio Negro.

Em Manaus, o projeto ainda terá apresentações no Centro de Educação em Tempo Integral Zilda Arns, no dia 29 de maio, e novamente no hall do Teatro Amazonas, no dia 26 de maio, com entrada gratuita.

Marionetes de fio – O Pequeno Teatro do Mundo é uma companhia de teatro de marionetes de fio, formada pelos artistas Fábio Retti e Fabiana Vasconcelos Barbosa, que resgata a tradição do teatro mambembe. Unindo sua expertise no teatro de animação à sua paixão pela ópera, encanta e diverte os espectadores, ao mesmo tempo em que promove uma experiência educativa e de iniciação artística, apresentando o universo da música erudita em uma linguagem popular.

Sobre o 22º FAO – Em 2019, o FAO celebra o centenário de nascimento de Claudio Santoro com a apresentação da ópera “Alma”, do compositor e maestro amazonense. Também estão na programação “Ernani”, de Giuseppe Verdi; “Maria Stuarda”, de Gaetano Donizetti; “Tosca”, de Giacomo Puccini; e “Mater Dolorosa”, baseada na cantata “Stabat Mater Dolorosa”, de Giovanni Pergolesi.

Os ingressos para o FAO 2019 estão à venda na bilheteria do Teatro Amazonas e pelo site Bilheteria Digital (www.bilheteriadigital.com/teatroamazonas), com valores que vão de R$ 2,50 a R$ 60.

A programação do festival abrange ainda o Recital Bradesco, com canções compostas por Claudio Santoro; o projeto “Ópera Mirim”; o encontro “Os Teatros de Ópera e a Economia Criativa na América Latina”, voltado para apresentar dados e casos de sucesso sobre a Indústria da Ópera na América Latina; o concerto do Dia das Mães, já realizado; e Mulheres da Ópera.

Sobre o Bradesco Cultura – Com centenas de projetos patrocinados anualmente, o Bradesco acredita que a cultura é um agente transformador da sociedade. O Banco apoia iniciativas que contribuem para a sustentabilidade de manifestações culturais que acontecem de norte a sul do país, reforçando o seu compromisso com a democratização da arte.

São eventos regionais, feiras, exposições, centros culturais, orquestras, musicais e muitos outros, além do Teatro Bradesco em São Paulo. Fazem parte do calendário 2019 atrações como o musical “O Fantasma da Ópera” e o Natal do Bradesco, em Curitiba.

fonte: SEC

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