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Terceirização e gestão pública

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De repente Manaus vira manchete na mídia de todo o país durante vários dias seguidos com direito a matéria direta da fonte e até mesmo de análises ditas especializadas. Infelizmente o motivo do interesse por nossa cidade foi o desastre ocorrido nas penitenciárias dos complexos penais que faz tempo provocam as mais diversas controvérsias.

Em primeiro lugar tem a decisão de governos passados de terceirizar a administração do Sistema Penitenciário, atitude que embora em momentos chamados de normais sejam adequados, no caso do Amazonas foi a assinatura do atestado de incapacidade de gestão pública do nosso governo. Sem contar o fato de ter o contrato com a empresa particular de gestão ter gerado desconfianças até hoje jamais explicadas.

Fica muito fácil entender como um sistema prisional enfrenta em tão curto espaço de tempo duas rebeliões com número de mortes tão altas quando todos sabem do domínio de áreas dentro das prisões por parte de facções criminosas. Pior de tudo é o fato destas facções serem compostas de grupos criminosos de fora do nosso Estado e que se mudaram para cá determinando nova área de domínio.

A pergunta que não quer calar é de que forma tudo isto fica acontecendo com o governo totalmente alheio enquanto uma empresa de gestão privada já mostra há muito tempo não conseguir nem mesmo controlar entrada de celulares e armas nas dependências das prisões. Terceirizar a gestão de determinados setores é compreensível e até mesmo louvável quando traz retorno e eficácia. No entanto o que se vê neste caso é a terceirização da incompetência da gestão pública. Será admissível a administração de um setor tão complexo e cheio de problemas de ordem institucional e social, ser entregue a uma empresa privada?

Ao mesmo tempo nossa cidade vive outro problema que afeta diretamente o funcionamento da estrutura social, quando o setor de transportes urbanos ameaça fazer uma greve, deixando mais um setor de nossa sociedade in- tranquila. Outra vez nos deparamos com uma questão de falta de qualidade na gestão pública, visto que os últimos prefeitos não conseguiram sucesso no embate com o oligopólio do transporte urbano. Mais uma vez quem sai perdendo é a população mais carente que fica entre a agonia entre ter de pagar mais caro pelo serviço e a intranquilidade de ficar sem este serviço.

Fica uma prece desesperada para que esta virose administrativa não contamine outro setor altamente complicado que é o dos transportes urbanos de Manaus. Com ou sem greve, certamente o serviço já está comprometido visto que há correm notícias de falência de uma ou duas empresas de ônibus. Se levarmos em conta que Manaus já contou com serviço de transporte urbano de melhor qualidade entre as cidade do Brasil, realmente é triste a realidade do retrocesso.

Os dois casos aqui analisados tem como objetivo fazer com que se busque não apenas criticar o serviço público e seus resultados, principalmente quando resulta- dos negativos, mas levar o cidadão a cobrar do gestor público aquilo para o qual o mesmo se prontificou a exercer no momento em que se candidatou. Um político sério não pode simplesmente jogar culpas por suas falhas e suas faltas de capacidade. Tem mais é que enfrentar barreiras, trazer o povo para junto de si e chegar aos objetivos que a população precisa com toda a força necessária. Já tivemos políticos com esta capacidade em situações bem mais adversas que a atualmente vivida pelo Brasil, portanto a questão é ter um míni- mo de consciência e desenvolver seu verdadeiro papel.

Orígenes Martins Jr.

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