Cultura

Indígenas veteranos nas artes visuais são estímulo aos participantes da 2ª Mostra de Arte Indígena da Prefeitura de Manaus

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O que os povos Tukano, Apurinã e Wanano têm em comum nas artes visuais? Estas etnias foram as primeiras a formar e profissionalizar artistas indígenas nas artes visuais em Manaus. Formados pela Escola de Artes do Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura da Amazônia (IDC) entre 2005 e 2007, Duhigó e Yúpury, ambos do povo Tukano, Sãnipã e Iwiri-ki, do povo Apurinã e Dhiani Pa’saro, do povo Wanano participaram da 2ª Mostra de Arte Indígena de Manaus – Minha Cultura, realizada pela Prefeitura de Manaus, por meio da pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult) e do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), em comemoração aos 353 anos da capital amazonense, que encerrou nesta segunda-feira, 31/10, no Palácio Rio Branco, no Centro Histórico da capital.

Em comum, todos os cinco artistas são representados pela Manaus Amazônia Galeria de Arte, que também contribuiu com o projeto expográfico e da montagem da Mostra. Para Duhigó, indígena Tukano, pioneira nas artes visuais amazonense e consagrada no cenário nacional, a Mostra é uma oportunidade de apresentar novos artistas e motivá-los a seguir em frente.

“Eu estou produzindo meus trabalhos desde 2005, quando estudei pintura no Instituto Dirson Costa e nunca mais parei. Hoje meus trabalhos podem ser vistos aqui, no MASP em São Paulo e fora do país, na casa de muitas pessoas que admiram minha arte. Eu sempre digo aos artistas que estão começando agora para não desistirem e acreditarem no seu trabalho que com persistência você vence”, destacou Duhigó, que trouxe para a Mostra uma coleção de Muiraquitãs pintados em tela.

Atualmente, Duhigó possui representação de seus trabalhos em São Paulo e se tornou a primeira mulher indígena do Amazonas a ter duas obras de arte no acervo do Museu de Arte de São Paulo Arte – Assis Chateaubriand (MASP), o mais importante do Brasil e do Hemisfério Sul. Ela também assina em São Paulo o teto de 18m² do Espaço Priceless, restaurante da rede internacional da Martercard que homenageia a Amazônia em seu cardápio.

Duhigó também trouxe seu filho para arte. Yúpury, também Tukano, já foi menção especial em 2020 da consagrada Bienal Naifs do Brasil e está registrado no cenário nacional da arte com obras em coleções amazonenses e nacionais. “Estou muito feliz e me sinto valorizado de participar da Mostra Indígena em Manaus”, disse Yúpury.

Para Iwiri-ki do povo Apurinã, a Mostra trouxe um novo tempo para sua carreira como artista, visto que ficou alguns anos parada e agora retoma suas produções em Marchetaria de quadros. “Estou muito grata por essa oportunidade de estar com artistas do tempo em que formei no Instituto Dirson Costa e artistas novos. Trouxe nas minhas obras os grafismos indígenas da minha cultura”, explicou.

Mesmo em um momento de retomada, Iwiri-ki já está em coleções de arte importantes, de Manaus, do Nordeste e Sudeste brasileiros. Sua prima Sãnipã, também presente na Mostra com obras que retratam cocares Apurinã, em pintura, em 2020, recebeu o prêmio aquisição da Bienal Naifs do Brasil e pertence agora ao acervo SESC de Arte Brasileira, em São Paulo.

Pa’saro

Outro veterano nas artes visuais indígenas é Dhiani Pa’saro, do povo Wanano, que produz obras em marchetaria e pintura. Nesta Mostra, Dhiani trouxe suas pinturas em tela de objetos do cotidiano Wanano, como os bastões de dança e o Baró, instrumento usado para carregar alimentos e crianças.

“É uma forma de mostrar meu trabalho para mais pessoas e estar com meus parentes indígenas mostrando nossos trabalhos. Eu trago na minha arte a cultura dos Wanano, meu povo do Alto Rio Negro e também outras culturas indígenas”, ressaltou Pa’saro.

Em 2020, duas consagrações nacionais reconheceram Dhiani Pa’saro como um artista da elite brasileira na arte contemporânea. A primeira foi na Bienal Naifs do Brasil 2020, a mais importante da categoria na América Latina, que selecionou duas obras do artista (Lembranças dos 3 trançados, em acrílica sobre tela e Semente de Seringueira, em marchetaria) para Bienal que ficou aberta até julho de 2021.

A segunda foi a seleção da obra Escudo de Dança, em marchetaria, pela curadoria do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). A obra agora faz parte do catálogo histórico da Exposição “Histórias da Dança”, que devido a pandemia de Covid-19 não pode acontecer de forma física no museu.

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