A ópera de marionetes, “Onheama”, que versa sobre os seres mitológicos da natureza e gira em torno do protagonista indígena, Iporangaba, ganhou a atenção e os aplausos das crianças ribeirinhas da comunidade Nossa Senhora do Livramento, localizada no rio Tarumã Mirim. A montagem baseada na obra de João Guilherme Ripper foi apresentada neste domingo (29/5), no hall do Teatro Amazonas, que recebeu a nova plateia e o público em geral com entrada gratuita.
O espetáculo faz parte da programação do 24º Festival Amazonas de Ópera (FAO), promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. A diretora executiva do FAO, Flávia Furtado, destaca a importância de tornar acessível a ópera a diferentes públicos.
“A inclusão é uma via de mão dupla, é importante a gente ir até às comunidades e receber, como tivemos hoje, no teatro, as crianças de comunidades ribeirinhas. O teatro tem que ser visto como um espaço democrático, que acolhe qualquer amazonense, de qualquer classe social e de qualquer parte do Estado”, enfatiza a diretora.
Itinerante – A ópera “Onheama”, do Pequeno Teatro do Mundo, traz personagens em marionetes de fio e estrutura de apresentação portátil. Durante o festival, a montagem foi levada a quatro municípios do Estado, além de escolas públicas da rede estadual e instituições, como hospitais e associações. A diretora e produtora da ópera infantil, Fabiana Vasconcelos, conta que o teatro de marionetes nasceu do desejo de levar a ópera ao público que não tem acesso aos grandes teatros.
“Aqui, no Amazonas, tem sido muito especial. O encontro é muito genuíno, as crianças se envolvem demais com o espetáculo. É muito forte o encontro, poder ver os olhos brilhantes é muito fascinante”, revela a produtora.
Para proporcionar a experiência inédita ao grupo de crianças, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa recebeu o apoio do projeto Monóculo Escola de Retratos, que atua no sentido de levar oficinas e atividades culturais às comunidades mais distantes do Amazonas.
“A ideia foi trazer as crianças de uma comunidade ribeirinha para conhecer o Teatro, principalmente, no período do Festival Amazonas de Ópera, que é uma forma de incentivo à cultura”, afirma o idealizador do projeto, Michell Mello, atual conselheiro estadual de cultura na categoria Artes Visuais.
Experiência – Na história de “Onheama”, um jovem guerreiro indígena recebe a missão de devolver o sol, engolido por uma onça. Enredo de fantasia para explicar o fenômeno do eclipse solar. O protagonista conta com elementos da mitologia amazônica, como o Boto Cor de Rosa e a Iara. Na plateia, olhares atentos que se identificam com a história do palco.
Entre as crianças, descendentes indígenas de uma associação que reúne 12 etnias, localizada na Comunidade do Livramento. Laís Martins, 13, e Ezequiel Levi, 12, aprovaram a programação deste domingo.
“É a minha primeira vez no Teatro Amazonas e, agora, a ópera. Estou achando tudo muito legal”, destaca Laís.
“Vim matar a minha curiosidade de conhecer o Teatro Amazonas. Lá, na minha comunidade, não tem isso”, afirma Ezequiel.
Acompanhando o grupo, Mirian Melgueira também aprovou a iniciativa.
“Nem todos os pais têm condições de trazer os filhos ao teatro, então a oportunidade está sendo uma porta aberta para adquirir conhecimento do que temos no Amazonas. É uma experiência única”, afirma.
Festival
O FAO segue até terça-feira (31/5), na capital e interior. A programação conta com atrações gratuitas e, para as obras pagas, os ingressos estão à venda em www.bilheteriadigital.com e na bilheteria do Teatro Amazonas.
Cinco óperas, recitais, concertos, workshop e encontro de economia criativa estão na agenda do evento. A programação inclui atrações no Teatro Amazonas, Teatro da Instalação, centros culturais Palácio da Justiça e Palácio Rio Negro e também no interior (veja programação completa). As estreias das óperas vão ser transmitidas pela TV Encontro das Águas e nas redes sociais da @culturadoam.
O FAO é realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC). O projeto, aprovado na Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cidadania e Secretaria Especial de Cultura, tem patrocínio master do Bradesco e patrocínio da Innova.
Bradesco e cultura – Com centenas de projetos patrocinados anualmente, o Bradesco acredita que a cultura é um agente transformador da sociedade. Além do Teatro Bradesco, o banco apoia iniciativas que contribuem para a sustentabilidade de manifestações culturais que acontecem de norte a sul do País, reforçando o seu compromisso com a democratização da arte.
São eventos regionais, feiras, exposições, centros culturais, orquestras, musicais e muitos outros. O banco também mantém o Bradesco Cultura, plataforma digital que reúne conteúdo relacionado às iniciativas culturais que contam com o patrocínio da instituição. Visite em cultura.bradesco.
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